quarta-feira, 4 de junho de 2008

UM SONHO ESQUISITO

Noite dessas sonhei que tinha sido eleito Papa. Vi-me de batina preta, sentado, enquanto outros religiosos, esses de branco e de costas para mim, arrumavam as roupas que eu deveria vestir. Pensava, ali, no nome que adotaria e, assim, acordei. Não quis voltar a dormir. Afinal, o assunto era interessantíssimo e comecei a analisar qual seria o nome que adotaria caso a coisa tivesse sido verdadeira.
O primeiro que me veio à mente, foi Severino. Sim, eu me nomearia Severino I. A partir daí, após aumentar os salários dos cardeais, negociaria com o governo italiano a aquisição de uma pequena área anexa ao Vaticano, onde construiria um puxadinho, isto é, um prédio em que morariam meus trezentos parentes que nomearia para trabalhar como funcinários públicos.
Evidente que a chegada de trezentas pessoas num país cuja população está por volta de novecentas (boas) almas acarretaria problemas imensos, inclusive um desagrado crescente das Congregações. A coisa poderia chegar a tal gravidade, que me obrigaria a tomar medidas extremas. Daí pediria asilo político ao Governo Lula e viria morar em Brasília numa casa onde o Exército tomaria conta do ex-Santo Padre.
Uma segunda opção era adotar o nome de Sebastian. Não o do Santo, mas o do parente que viveu na Europa lá pelo século dezenove e que além de padre era médico, e acabou curando o Papa Leão XIII de uma artrite deformante, usando apenas a água como remédio. Isso mesmo, o Padre Sebastian foi o criador daquilo que hoje chamamos de hidroterapia e cujas clínicas espalhadas pela Europa deixaram-no rico e industrializam até hoje, sabonetes e diversos produtos fabricados a partir de ervas e que fazem sucesso por lá. Aliás, a esse respeito, tive um colega de trabalho que, viajando pela Alemanha, foi atacado por um reumatismo repentino e procurou socorro numa clínica de "kneippkhur" - cura Kneipp... Acho que é assim que se escreve - localizada num convento. Contou-me que foi uma noite dantesca em que era acordado por freiras enormes que o viravam de um lado para o outro (ele é do tipo franzino) enquanto aplicavam compressas ferventes ou geladas, conforme a ocasião. Saiu de lá curado, mas jurando vingança assim que me encontrasse. Pela primeira e única vez na vida, fui desafiado para um duelo.
Mas voltando ao nome Sebastian, segundo sei, o apelido escolhido pode ter grande influência nas atitudes papais e se o velho padre era médico, com certeza eu iria voltar minhas atenções para a África e enfrentar os problemas de abandono, fome e doenças tão comuns por ali. Muito bem, mas nesse momento teria de encarar a AIDS e a necessidade do uso de preservativos, condenados pela Igreja. Olha eu de novo, batendo de frente com os preceitos da Santa Sé. Evidente que os enfrentaria e, daí ver sobre mim o bafo odiento do OPUS DEI, quem sabe planejando uma dose letal de veneno no meu arroz com feijão. Não teria jeito. Novo pedido de asilo pro Lula.
Melhor esquecer tudo isso e tentar voltar a dormir. Definitivamente, o ex-deputado Severino é que estava com a razão. Não dá para ser Presidente da Câmara, nem Papa, sem o apoio do baixo clero.

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