terça-feira, 3 de junho de 2008

COMENTÁRIOS A RESPEITO DE ARTE...ARTE?

Embora não seja um profundo conhecedor das sutilezas da arte, procuro assimilar técnicas, comentários, críticas, etc., que me levem a entender melhor aquilo que gosto de ver. Por acidente, visitei a exposição das obras pertencentes ao finado Roberto Marinho e lá pude confirmar isso.
Há coisas que falaram ao coração e outras que jamais colocaria nem mesmo no fundo do quintal lá de casa, se as tivesse. Arte, para mim, está mais para a sensibilidade de quem vê do que para a prévia cotação da crítica especializada. Vai daí que, embora evitando qualquer comentário menos gentil, sempre achei as tais Bienais coisa de quem gosta de considerar idiotas os que vão até lá.
Um pára-choque de carro retorcido e pendurado no teto é admirado por olhos interessados e bocas sorridentes, enquanto um enorme espaço ocupado apenas por meia-dúzia de almofadas plastificadas iluminadas, quase é aplaudido pelas peças emitirem ruídos metálicos que, sequer, obedecem a alguma escala musical.. E isso é considerado arte pelos sábios. Nem todos... Senti-me confortado ao ouvir comentários de ilustres nomes ligados à cultura brasileira e que pensam como eu.
Tudo isso veio à tona, ao ler um comentário crítico sobre a obra de um jovem artista. O artigo é emoldurado por fotografia de quatro ripas que um dia participaram da carroceria de um caminhão e cujas marcas dos anteparos que as juntavam, ali estão para comprovar sua antiga utilidade. Entre elas, uma régua de ferro, certamente retirada da mesma carroceria, ultrapassa o retângulo de madeira, dividindo em duas a composição feita do mesmo material.
Comentários do crítico a respeito do artista:"...Mostra que vivemos uma época cuja rápida circulação de informação visual não impede os elementos locais de se manifestarem no seu reprocessamento poético..." Mais à frente, afirma: "Falta um pouco de desarrumação... Dito isso, cabe dizer também que foi bom ver ali um trabalho estranho, atípico, QUASE RUIM" (destaque deste colunista que vos fala). E continua entusiasmado: "Seu procedimento é sempre de apropriação de restos de construção largados no lixo ou deixados em uma esquina... De um modo geral, ele vê uma coisa qualquer, um pedaço de detrito e o desloca para a galeria".
O crítico ocupa um terço de página para concluir dizendo que "o artista é das boas surpresas recentes do cenário brasileiro". Elogiou um cara cujo trabalho ele acha quase ruim e que transfere detritos para as galerias, ditas de arte.
E eu que achava Picasso e Miró uns brincalhões...

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